{"id":4663,"date":"2023-06-13T12:08:01","date_gmt":"2023-06-13T11:08:01","guid":{"rendered":"https:\/\/ajooda.ch\/pt\/?p=4663"},"modified":"2023-06-13T12:08:02","modified_gmt":"2023-06-13T11:08:02","slug":"reforma-fiscal-portugal","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/ajooda.ch\/pt\/reforma-fiscal-portugal\/","title":{"rendered":"Impostos em Portugal: Uma An\u00e1lise Detalhada e o Caminho Para a Reforma Fiscal Inspirado pelo Modelo Su\u00ed\u00e7o"},"content":{"rendered":"\n
Introdu\u00e7\u00e3o:<\/p>\n\n\n\n
Portugal, pa\u00eds de uma rica hist\u00f3ria, encanto cultural inigual\u00e1vel e paisagens t\u00e3o magn\u00edficas quanto diversificadas. Terra de navegadores e conquistadores, aben\u00e7oada pelo Atl\u00e2ntico, enriquecida por uma tape\u00e7aria de culturas. Um pa\u00eds que ao longo dos s\u00e9culos, tem sido um marco na hist\u00f3ria mundial, de descobertas a revolu\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n
No entanto, no s\u00e9culo XXI, a na\u00e7\u00e3o enfrenta um desafio igualmente monumental, mas de natureza diferente. Um desafio que reside no n\u00facleo de seu tecido socioecon\u00f4mico e que influencia a vida di\u00e1ria de seus cidad\u00e3os – a pol\u00edtica fiscal. A import\u00e2ncia deste assunto n\u00e3o pode ser subestimada. A pol\u00edtica fiscal tem o poder de modelar a economia, direcionar o crescimento e influenciar o bem-estar de cada cidad\u00e3o. No entanto, atualmente, a forma como essas pol\u00edticas est\u00e3o sendo conduzidas em Portugal est\u00e1 suscitando questionamentos.<\/p>\n\n\n\n
Este \u00e9 um desafio complexo que vai al\u00e9m das esferas dos n\u00fameros e das taxas. Ele toca o cora\u00e7\u00e3o de quest\u00f5es sobre justi\u00e7a social, equidade, efici\u00eancia do governo e, em \u00faltima an\u00e1lise, a rela\u00e7\u00e3o entre o Estado e seus cidad\u00e3os. Para lidar com este tema, n\u00e3o nos baseamos em ideologias extremistas, nem buscamos semear disc\u00f3rdia. Em vez disso, propomos uma an\u00e1lise pragm\u00e1tica e equilibrada do sistema atual, suas implica\u00e7\u00f5es e suas repercuss\u00f5es. Al\u00e9m disso, apontamos para um caminho mais justo e eficiente, que nos inspiramos nas melhores pr\u00e1ticas globais.<\/p>\n\n\n\n
Neste momento, vale a pena lembrar que a terra de Cam\u00f5es e Fernando Pessoa nunca foi estranha \u00e0 adversidade. Portugal, ao longo de sua hist\u00f3ria, enfrentou tempestades e tempos turbulentos, emergindo com novas for\u00e7as e resili\u00eancia. Este momento n\u00e3o \u00e9 diferente. Enfrentamos um desafio, mas tamb\u00e9m uma oportunidade. Uma oportunidade de revis\u00e3o, de reinven\u00e7\u00e3o e de reconstru\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Come\u00e7amos nossa an\u00e1lise com uma considera\u00e7\u00e3o cuidadosa de um aspecto particularmente controverso do sistema fiscal: o uso dos impostos para resgatar projetos falhados do Estado. Este \u00e9 um ponto de partida, uma entrada para a teia intricada de pol\u00edticas e pr\u00e1ticas que constituem o sistema fiscal atual.<\/p>\n\n\n\n
Aprofundaremos a discuss\u00e3o ao abordar a quest\u00e3o dos sal\u00e1rios dos pol\u00edticos, um t\u00f3pico que tem gerado debates acalorados tanto na esfera p\u00fablica quanto privada. A ideia de trabalhadores do setor privado, que lutam dia ap\u00f3s dia para ganhar a vida, financiando sal\u00e1rios desproporcionalmente altos para pol\u00edticos, levanta s\u00e9rias quest\u00f5es sobre justi\u00e7a e equidade.<\/p>\n\n\n\n
Em seguida, exploraremos as greves do setor p\u00fablico e suas implica\u00e7\u00f5es para a economia, os contribuintes e a presta\u00e7\u00e3o de servi\u00e7os p\u00fablicos. Al\u00e9m disso, tentaremos entender como o sistema atual contribuiu para a atual estagna\u00e7\u00e3o dos sal\u00e1rios no setor privado, apesar do constante aumento da press\u00e3o fiscal.<\/p>\n\n\n\n
Ap\u00f3s estas an\u00e1lises detalhadas, nos voltaremos para um exemplo de sucesso no mundo das pol\u00edticas fiscais: a Su\u00ed\u00e7a. Observaremos como essa pequena na\u00e7\u00e3o alpina conseguiu equilibrar a arrecada\u00e7\u00e3o de impostos e o gasto p\u00fablico, e como conseguiu criar um ambiente onde a economia privada pode prosperar sem ser sufocada pela interfer\u00eancia do Estado.<\/p>\n\n\n\n
Finalmente, reuniremos todas essas informa\u00e7\u00f5es para formular um plano de a\u00e7\u00e3o para Portugal. N\u00e3o estamos sugerindo uma transplanta\u00e7\u00e3o direta do sistema su\u00ed\u00e7o, mas uma adapta\u00e7\u00e3o das li\u00e7\u00f5es aprendidas a partir da experi\u00eancia su\u00ed\u00e7a para o contexto \u00fanico de Portugal. Nosso objetivo \u00e9 inspirar o debate, provocar reflex\u00e3o e estimular o movimento rumo a um sistema fiscal mais eficiente, mais justo e mais transparente em Portugal.<\/p>\n\n\n\n
Ao longo desta an\u00e1lise, esperamos despertar n\u00e3o apenas o entendimento, mas tamb\u00e9m a a\u00e7\u00e3o. Cada cidad\u00e3o tem um papel a desempenhar neste processo. O sistema fiscal \u00e9, no final das contas, um reflexo da sociedade que o criou. Se quisermos mudar o sistema, precisamos estar dispostos a desempenhar nosso papel na constru\u00e7\u00e3o de um novo futuro para Portugal. Um futuro que seja mais justo, mais pr\u00f3spero e mais equitativo para todos. Este \u00e9 o desafio que enfrentamos. Este \u00e9 o caminho que devemos percorrer juntos.<\/p>\n\n\n\n
Cap\u00edtulo 1: A Sombra dos Projetos Falhados:<\/p>\n\n\n\n
No cora\u00e7\u00e3o da discuss\u00e3o fiscal em Portugal reside um dos aspectos mais contenciosos do uso dos impostos: o resgate de projetos do Estado que falharam. Esta pr\u00e1tica, embora n\u00e3o exclusiva de Portugal, adquiriu aqui uma notoriedade particular devido \u00e0 sua frequ\u00eancia e ao impacto que tem na confian\u00e7a dos cidad\u00e3os na gest\u00e3o fiscal do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
Para entender plenamente a dimens\u00e3o deste problema, \u00e9 \u00fatil examinar alguns dos projetos do passado recente. Ao longo das \u00faltimas d\u00e9cadas, temos visto uma s\u00e9rie de empreendimentos financiados pelo Estado – desde infraestruturas a projetos culturais – que, por v\u00e1rias raz\u00f5es, n\u00e3o cumpriram as expectativas. Quando estes projetos n\u00e3o conseguem gerar o retorno esperado, muitas vezes \u00e9 o contribuinte que \u00e9 chamado a cobrir o d\u00e9ficit. Em alguns casos, estes resgates podem representar somas consider\u00e1veis, aumentando a press\u00e3o sobre a j\u00e1 tensa carga fiscal.<\/p>\n\n\n\n
Aqui, podemos citar o exemplo de algumas opera\u00e7\u00f5es de resgate de bancos, onde a insolv\u00eancia de algumas institui\u00e7\u00f5es financeiras levou a interven\u00e7\u00f5es estatais caras. O caso do BPN \u00e9 talvez o mais emblem\u00e1tico, com os custos do resgate a ultrapassar os \u20ac5 mil milh\u00f5es. Outro exemplo seria o da interven\u00e7\u00e3o no BES, que resultou num custo estimado de mais de \u20ac4 mil milh\u00f5es. Estas interven\u00e7\u00f5es s\u00e3o apenas dois exemplos num mar de opera\u00e7\u00f5es semelhantes que refletem o mesmo padr\u00e3o de uso de fundos p\u00fablicos para cobrir as falhas de projetos do Estado.<\/p>\n\n\n\n
Este tipo de pr\u00e1tica provoca n\u00e3o apenas um sentimento de injusti\u00e7a entre aqueles que pagam impostos, mas tamb\u00e9m mina a confian\u00e7a na capacidade do governo de tomar decis\u00f5es fiscais sensatas. H\u00e1 uma sensa\u00e7\u00e3o generalizada de que o dinheiro arduamente ganho est\u00e1 a ser usado para tapar buracos em projetos mal concebidos ou mal geridos, enquanto \u00e1reas fundamentais como a educa\u00e7\u00e3o, a sa\u00fade e as infraestruturas sofrem com falta de financiamento adequado.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m disso, essa pr\u00e1tica tamb\u00e9m desincentiva a efici\u00eancia e a responsabilidade. Se os projetos do Estado sabem que podem contar com um resgate no caso de falha, n\u00e3o h\u00e1 incentivo suficiente para garantir que sejam geridos de forma eficiente e respons\u00e1vel desde o in\u00edcio.<\/p>\n\n\n\n
Esta situa\u00e7\u00e3o leva-nos a uma pergunta importante: como \u00e9 que chegamos aqui? A resposta a essa pergunta \u00e9 complexa, envolvendo uma mistura de fatores pol\u00edticos, econ\u00f3micos e sociais. No entanto, podemos identificar alguns elementos chave: um sistema pol\u00edtico que, muitas vezes, favorece o curto prazo em detrimento de uma vis\u00e3o de longo prazo; uma falta de transpar\u00eancia e responsabilidade na forma como os projetos s\u00e3o selecionados e geridos; e uma atitude perante o risco que muitas vezes ignora as consequ\u00eancias de longo prazo.<\/p>\n\n\n\n
Tudo isto contribui para criar um ambiente em que o fracasso \u00e9, demasiadas vezes, recompensado em vez de penalizado, e onde a efici\u00eancia e a responsabilidade n\u00e3o s\u00e3o incentivadas. Mas a situa\u00e7\u00e3o n\u00e3o tem de ser permanente. Com as mudan\u00e7as corretas, \u00e9 poss\u00edvel criar um sistema fiscal que incentiva a efici\u00eancia, a responsabilidade e a transpar\u00eancia. Neste sentido, podemos aprender muito com a experi\u00eancia de outros pa\u00edses que enfrentaram desafios semelhantes. A Su\u00ed\u00e7a, por exemplo, tem uma abordagem muito diferente do uso dos impostos, que pode servir de inspira\u00e7\u00e3o para a reforma do sistema fiscal portugu\u00eas.<\/p>\n\n\n\n
Cap\u00edtulo 2: Sal\u00e1rios Pol\u00edticos: Um T\u00f3pico de Debate Intenso<\/p>\n\n\n\n
Enquanto o resgate de projetos mal sucedidos do Estado cria um peso significativo no sistema fiscal, h\u00e1 um outro aspecto que tem gerado um acalorado debate p\u00fablico: os sal\u00e1rios dos pol\u00edticos. Em tempos de aperto fiscal, os sal\u00e1rios e benef\u00edcios generosos pagos aos pol\u00edticos tornam-se um ponto de disc\u00f3rdia, especialmente quando muitos portugueses se esfor\u00e7am para sobreviver com rendimentos muito mais modestos.<\/p>\n\n\n\n
A quest\u00e3o n\u00e3o \u00e9 simplesmente o montante que \u00e9 pago, mas tamb\u00e9m o contraste marcante com os sal\u00e1rios na economia privada. Em Portugal, como em muitos outros pa\u00edses, existe uma discrep\u00e2ncia significativa entre o que \u00e9 pago aos pol\u00edticos e o que \u00e9 pago \u00e0 m\u00e9dia dos trabalhadores. Esta discrep\u00e2ncia aumenta a sensa\u00e7\u00e3o de injusti\u00e7a e a percep\u00e7\u00e3o de que o sistema fiscal favorece injustamente uma pequena elite \u00e0 custa da maioria dos contribuintes.<\/p>\n\n\n\n
Mas o problema vai al\u00e9m da quest\u00e3o da equidade. Os altos sal\u00e1rios e benef\u00edcios dos pol\u00edticos tamb\u00e9m criam um incentivo perverso para entrar na pol\u00edtica n\u00e3o para servir o p\u00fablico, mas para enriquecer. Isso pode levar a um sistema pol\u00edtico onde as decis\u00f5es s\u00e3o tomadas n\u00e3o com base no que \u00e9 melhor para o pa\u00eds, mas no que \u00e9 mais lucrativo para os pol\u00edticos individualmente. Este n\u00e3o \u00e9 apenas um problema te\u00f3rico – tem implica\u00e7\u00f5es reais para a qualidade das pol\u00edticas p\u00fablicas e para a confian\u00e7a do p\u00fablico na classe pol\u00edtica.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m disso, os altos sal\u00e1rios dos pol\u00edticos podem contribuir para a estagna\u00e7\u00e3o dos sal\u00e1rios no setor privado. Se os altos sal\u00e1rios s\u00e3o normalizados na pol\u00edtica, isso pode levar a press\u00f5es para aumentar os sal\u00e1rios em outros setores da economia, mesmo quando n\u00e3o h\u00e1 crescimento econ\u00f3mico para apoiar esses aumentos. Isso pode levar a uma espiral de aumentos de sal\u00e1rios e impostos que prejudica a competitividade da economia portuguesa e impede o crescimento a longo prazo.<\/p>\n\n\n\n
Esta situa\u00e7\u00e3o \u00e9 especialmente preocupante num pa\u00eds como Portugal, onde os sal\u00e1rios no setor privado j\u00e1 est\u00e3o atrasados em rela\u00e7\u00e3o a muitos dos nossos vizinhos europeus. Em vez de gastar dinheiro em sal\u00e1rios inflacionados para pol\u00edticos, seria melhor investir esse dinheiro em \u00e1reas que podem ajudar a impulsionar o crescimento econ\u00f3mico, como educa\u00e7\u00e3o, infraestrutura e inova\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Portanto, o que podemos fazer para resolver este problema? Primeiro, \u00e9 necess\u00e1rio criar mais transpar\u00eancia em torno dos sal\u00e1rios e benef\u00edcios dos pol\u00edticos. Os contribuintes t\u00eam o direito de saber quanto est\u00e3o a pagar aos seus representantes e como esse dinheiro est\u00e1 a ser usado. Segundo, devemos repensar a forma como os sal\u00e1rios dos pol\u00edticos s\u00e3o determinados. Em vez de serem definidos pelos pr\u00f3prios pol\u00edticos, os sal\u00e1rios devem ser vinculados a algum tipo de m\u00e9trica objetiva, como o rendimento m\u00e9dio do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n
Em terceiro lugar, devemos criar incentivos para que os pol\u00edticos tomem decis\u00f5es que beneficiem o p\u00fablico em geral, em vez de beneficiarem a si mesmos. Isso poderia envolver a liga\u00e7\u00e3o do pagamento dos pol\u00edticos ao desempenho da economia, ou a introdu\u00e7\u00e3o de san\u00e7\u00f5es mais severas para a m\u00e1 conduta pol\u00edtica.<\/p>\n\n\n\n
Neste sentido, mais uma vez, podemos aprender com o exemplo de pa\u00edses como a Su\u00ed\u00e7a. Na Su\u00ed\u00e7a, a pol\u00edtica \u00e9 vista menos como uma carreira e mais como um servi\u00e7o p\u00fablico. Os pol\u00edticos s\u00e3o geralmente pagos muito menos do que em Portugal, e h\u00e1 uma forte expectativa de que eles devem agir no interesse p\u00fablico. Esta abordagem poderia oferecer um modelo \u00fatil para reformar o sistema de pagamento pol\u00edtico em Portugal.<\/p>\n\n\n\n
Cap\u00edtulo 3: Os Impactos dos Protestos dos Funcion\u00e1rios P\u00fablicos<\/p>\n\n\n\n
Na discuss\u00e3o sobre a situa\u00e7\u00e3o fiscal em Portugal, \u00e9 imposs\u00edvel ignorar o papel dos protestos dos funcion\u00e1rios p\u00fablicos. Durante os \u00faltimos anos, temos testemunhado uma s\u00e9rie de greves e protestos por parte de diferentes setores do servi\u00e7o p\u00fablico. Embora seja perfeitamente leg\u00edtimo que os trabalhadores reivindiquem melhores condi\u00e7\u00f5es de trabalho e sal\u00e1rios justos, o impacto destas a\u00e7\u00f5es na economia e na situa\u00e7\u00e3o fiscal do pa\u00eds \u00e9 motivo de preocupa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Os protestos e as greves t\u00eam um custo direto, tanto para o Estado como para a economia como um todo. Quando os funcion\u00e1rios p\u00fablicos fazem greve, os servi\u00e7os que eles prestam – muitos dos quais s\u00e3o essenciais – s\u00e3o interrompidos. Isto pode levar a perdas econ\u00f3micas significativas. Al\u00e9m disso, o Estado muitas vezes acaba por ceder \u00e0s demandas dos grevistas, o que pode resultar em aumentos salariais que n\u00e3o s\u00e3o suportados por aumentos de produtividade ou crescimento econ\u00f3mico. Isto, por sua vez, aumenta a press\u00e3o sobre a j\u00e1 tensa situa\u00e7\u00e3o fiscal.<\/p>\n\n\n\n
No entanto, o impacto dos protestos vai muito al\u00e9m dos custos diretos. H\u00e1 tamb\u00e9m um custo indireto, que \u00e9 o efeito desmoralizador que estas a\u00e7\u00f5es t\u00eam sobre o resto da popula\u00e7\u00e3o. Quando as pessoas veem que os funcion\u00e1rios p\u00fablicos – que s\u00e3o, em \u00faltima an\u00e1lise, pagos pelos impostos dos contribuintes – est\u00e3o constantemente a protestar e a fazer greve, isso pode minar a sua confian\u00e7a no sistema fiscal e no governo. Isto pode levar a uma maior evas\u00e3o fiscal e a um menor apoio para as reformas fiscais necess\u00e1rias.<\/p>\n\n\n\n
Neste contexto, \u00e9 crucial encontrar uma maneira de resolver as leg\u00edtimas preocupa\u00e7\u00f5es dos funcion\u00e1rios p\u00fablicos sem comprometer a sa\u00fade fiscal do pa\u00eds. Isto requer um equil\u00edbrio delicado. Por um lado, \u00e9 importante garantir que os funcion\u00e1rios p\u00fablicos sejam justamente remunerados pelo seu trabalho. Por outro lado, \u00e9 essencial que qualquer aumento salarial seja sustent\u00e1vel do ponto de vista fiscal.<\/p>\n\n\n\n
Uma poss\u00edvel solu\u00e7\u00e3o poderia ser a ado\u00e7\u00e3o de um sistema de negocia\u00e7\u00e3o coletiva mais eficiente, que permita uma discuss\u00e3o aberta e construtiva entre o governo e os sindicatos dos trabalhadores. Isto poderia ajudar a evitar greves e protestos disruptivos, enquanto assegura que as preocupa\u00e7\u00f5es dos trabalhadores sejam adequadamente tratadas.<\/p>\n\n\n\n
Al\u00e9m disso, seria \u00fatil introduzir mais flexibilidade na forma como os sal\u00e1rios s\u00e3o definidos no setor p\u00fablico. Em vez de ter aumentos salariais autom\u00e1ticos que n\u00e3o est\u00e3o ligados \u00e0 produtividade ou ao desempenho, seria melhor ter um sistema em que os sal\u00e1rios s\u00e3o ajustados de acordo com o desempenho individual e os resultados da economia. Isto n\u00e3o s\u00f3 ajudaria a controlar os custos, como tamb\u00e9m incentivaria uma maior efici\u00eancia e desempenho no setor p\u00fablico.<\/p>\n\n\n\n
No entanto, \u00e9 importante lembrar que as reformas salariais por si s\u00f3 n\u00e3o ser\u00e3o suficientes. Tamb\u00e9m \u00e9 necess\u00e1rio melhorar as condi\u00e7\u00f5es de trabalho no setor p\u00fablico e garantir que os funcion\u00e1rios p\u00fablicos sejam tratados com respeito e dignidade. Isto pode ajudar a melhorar a moral e a reduzir a necessidade de protestos e greves.<\/p>\n\n\n\n
Nesta mat\u00e9ria, novamente, podemos aprender muito com a experi\u00eancia de pa\u00edses como a Su\u00ed\u00e7a. Na Su\u00ed\u00e7a, existe um alto grau de confian\u00e7a entre o governo e os funcion\u00e1rios p\u00fablicos, o que ajuda a manter um ambiente de trabalho est\u00e1vel e produtivo. Isto \u00e9 algo que Portugal poderia aspirar a replicar.<\/p>\n\n\n\n
Cap\u00edtulo 4: A Estagna\u00e7\u00e3o dos Sal\u00e1rios no Setor Privado<\/p>\n\n\n\n
A quarta quest\u00e3o que gostaria de abordar \u00e9 a estagna\u00e7\u00e3o dos sal\u00e1rios no setor privado. Durante as \u00faltimas d\u00e9cadas, temos testemunhado um fen\u00f3meno preocupante em Portugal: enquanto os custos de vida continuam a subir, os sal\u00e1rios reais na economia privada permanecem estagnados.<\/p>\n\n\n\n
Esta estagna\u00e7\u00e3o salarial tem v\u00e1rias consequ\u00eancias. A primeira e mais direta \u00e9 que reduz o poder de compra dos portugueses. Isto tem um impacto direto na qualidade de vida das pessoas, dificultando a compra de bens e servi\u00e7os essenciais e limitando as oportunidades para poupar e investir para o futuro.<\/p>\n\n\n\n
A segunda consequ\u00eancia \u00e9 que exacerba as desigualdades de rendimento. \u00c0 medida que os sal\u00e1rios dos trabalhadores comuns estagnam, os dos altos executivos e dos acionistas continuam a subir, levando a um aumento da desigualdade de rendimentos. Esta desigualdade, por sua vez, pode levar a uma maior instabilidade social e pol\u00edtica.<\/p>\n\n\n\n
A terceira consequ\u00eancia \u00e9 que a estagna\u00e7\u00e3o salarial pode prejudicar a competitividade da economia portuguesa. Se os trabalhadores n\u00e3o est\u00e3o a ser devidamente recompensados pelo seu trabalho, isso pode levar a uma diminui\u00e7\u00e3o da motiva\u00e7\u00e3o e da produtividade. Al\u00e9m disso, pode tornar mais dif\u00edcil atrair e reter talentos, o que pode ser um obst\u00e1culo para o crescimento e a inova\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Ent\u00e3o, o que pode ser feito para enfrentar este problema? Uma solu\u00e7\u00e3o poss\u00edvel \u00e9 implementar reformas que favore\u00e7am o crescimento econ\u00f3mico e a cria\u00e7\u00e3o de empregos de alta qualidade. Isto poderia incluir medidas como a redu\u00e7\u00e3o da burocracia para as empresas, a melhoria do ambiente de neg\u00f3cios e a promo\u00e7\u00e3o da inova\u00e7\u00e3o e do empreendedorismo.<\/p>\n\n\n\n
Outra poss\u00edvel solu\u00e7\u00e3o \u00e9 melhorar o sistema de educa\u00e7\u00e3o e forma\u00e7\u00e3o. Isto poderia ajudar a garantir que os trabalhadores t\u00eam as habilidades e conhecimentos necess\u00e1rios para prosperar na economia moderna, o que, por sua vez, poderia ajudar a impulsionar os sal\u00e1rios.<\/p>\n\n\n\n
Finalmente, \u00e9 crucial que o Estado seja um parceiro e n\u00e3o um obst\u00e1culo para o setor privado. Isto significa que o Estado deve evitar a tenta\u00e7\u00e3o de interferir excessivamente na economia, seja atrav\u00e9s de regulamenta\u00e7\u00f5es onerosas ou de impostos excessivos. Em vez disso, o Estado deve concentrar-se em criar um ambiente em que as empresas e os trabalhadores possam prosperar.<\/p>\n\n\n\n